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Geração de energia pelo lixo e a redução das emissões de GEE

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    Apesar de ainda demandar muitos avanços, a geração de energia pelo lixo é cada vez mais uma realidade e alternativa para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE).

    Você sabia que 79 milhões de toneladas de resíduos produzidos anualmente pelo Brasil têm potencial para gerar energia elétrica para abastecer 3% do consumo nacional (Agência Brasil)?

    No entanto, cerca de 41% dos resíduos coletados no país ainda não recebem a destinação adequada, o que inviabiliza seu reaproveitamento para geração de energia.

    Isso sem contar a parcela de resíduos que sequer é coletada e que poderia também ser agregada no montante para geração de energia.

    Assim, mesmo possuindo um excelente potencial, o Brasil não consegue aproveitar a geração de energia pelo lixo e, consequentemente, reduzir as emissões de GEE associadas a este escopo.

    Quer saber mais sobre a relação entre esses temas? Continue a leitura…

    Qual a relação da destinação final dos resíduos e as emissões de GEE?

    A relação entre o tratamento de resíduos e as emissões de gases do efeito estufa (GEE) ocorre das seguintes formas:

    Geração de Metano em Aterros Sanitários

    Os resíduos orgânicos depositados em aterros sanitários passam por um processo de degradação anaeróbica (sem oxigênio), o que produz metano (CH4), um GEE muito mais potente que o dióxido de carbono (CO2).

    Inclusive, por isso que os aterros sanitários são uma das maiores fontes antropogênicas de metano e contribuem significativamente para as emissões globais de GEE.

    Para mitigar esses impactos ambientais causados pela degradação desses materiais, é preciso adotar medidas como o aproveitamento do metano em aterros.

    Incineração de Resíduos

    A queima de resíduos sólidos pode liberar GEE, como o CO2, óxidos de nitrogênio (NOx) e demais poluentes orgânicos persistentes.

    No entanto, a eficácia da mitigação desse impacto depende da tecnologia utilizada, da gestão das emissões e da captura de calor residual para a geração de energia. Por isso, a incineração com recuperação de energia é uma alternativa mais limpa, desde que sejam implementados controles adequados de emissões.

    Compostagem

    A compostagem de resíduos orgânicos é uma abordagem mais sustentável, pois transforma esses materiais em composto orgânico, que pode ser usado como fertilizante.

    Além disso, a compostagem reduz as emissões de metano que ocorreriam em aterros sanitários, mas ainda pode liberar CO2 durante o processo de decomposição. Então, é preciso ficar atento nesse fator.

    Mobilidade e Transporte

    A coleta e transporte de resíduos podem envolver a emissão de GEE, principalmente se forem utilizados veículos movidos a combustíveis fósseis.

    Então, também é importante adotar estratégias de transporte mais eficientes e o uso de veículos elétricos ou movidos a energias renováveis como forma de reduzir as emissões associadas ao gerenciamento de resíduos.

    A possibilidade da geração de energia pelo lixo

    É sempre valioso lembrar que o lixo pode virar energia! Esse processo de transformação pode ocorrer através de várias tecnologias, por exemplo:

    Incineração

    Método em que o lixo é queimado em altas temperaturas (geralmente mais de 850°C) em fornos especialmente projetados.

    Então, o calor gerado pela queima é usado para produzir vapor, que aciona turbinas conectadas a geradores elétricos para produzir eletricidade.

    Digestão Anaeróbia

    A digestão anaeróbia é um processo biológico em que microrganismos decompõem a matéria orgânica do lixo na ausência de oxigênio, produzindo biogás (principalmente metano e dióxido de carbono). Esse biogás pode ser queimado para gerar calor ou eletricidade.

    Landfill Gas (Gás de Aterro Sanitário)

    À medida que os resíduos se decompõem em aterros sanitários, eles produzem gases, principalmente metano.

    Esse metano pode ser capturado e usado como combustível para gerar eletricidade ou calor.

    Pirólise

    A pirólise envolve a decomposição térmica de resíduos em uma atmosfera de baixo oxigênio.

    Isso produz um gás rico em hidrocarbonetos e carvão. O gás pode ser queimado para gerar eletricidade ou ser transformado em combustíveis líquidos.

    Contudo, ao gerar energia a partir do lixo, é fundamental adotar tecnologias que minimizem a poluição e maximizem a eficiência energética.

    Por exemplo, existe uma discussão recente sobre a eficiência da captura do metano nos aterros sanitários, estimando-se que as emissões fugitivas podem extrapolar 50%, o que traz impactos significativos para o aquecimento global. No entanto, ainda são necessários mais estudos para avaliar esta questão.  

    Além disso, a separação e reciclagem adequadas dos resíduos devem ser priorizadas para reduzir a quantidade de resíduos destinados a esses processos de valorização energética.

    É sempre válido destacar que a reciclagem e a redução da geração de resíduos através da minimização do uso de materiais na fonte são métodos altamente eficazes para reduzir as emissões de GEE.

    Isso porque, o processo de reciclagem em si possui uma emissão de GEE reduzida em comparação à decomposição ou incineração do resíduo.

    Além disso, evitar a exploração de recursos naturais para obtenção de matérias-primas virgens também pode evitar o desmatamento, um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.

    A contribuição do aproveitamento dos resíduos na redução dos GEE

    Um dos principais impactos da decomposição de lixo nos aterros para o aquecimento global é que esse processo é um dos que mais produz metano — cujo poder de aquecimento é de até 80 vezes maior que o do carbono.

    Diante disso, uma das principais soluções é a geração de energia pelo lixo através das usinas térmicas movidas a resíduos sólidos, também conhecidas como Usina de Recuperação Energética (URE).

    Afinal, como não é possível evitar completamente a produção de lixo, a única saída é aproveitar esses materiais de forma inteligente e sustentável.

    Inclusive, segundo a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), é possível instalar pelo menos uma térmica movida a resíduos sólidos em cada uma das 28 regiões metropolitanas com mais de um milhão de habitantes.

    Como resultado, haveria a geração de energia pelo lixo equivalente a 3% do consumo brasileiro!

    A longo prazo, essa mudança provocaria uma excelente redução nos impactos ambientais e, principalmente, na produção de metano.

    Compartilhe essa ideia e ajude a salvar o mundo através do lixo.

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