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Agropecuária de baixo carbono: quais são os primeiros passos?

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    A agropecuária de baixo carbono é um assunto cada vez mais abordado, dado a contribuição do setor para as emissões de gases do efeito estufa.

    De acordo com estudo realizado pelo Observatório do Clima, somente em 2021, o Brasil apresentou um aumento de 12,2% nas emissões brutas de gases de efeito estufa e a atividade agropecuária foi responsável por 74% de toda as emissões do país, considerando o desmatamento e outras mudanças de uso do solo.

    Além disso, o setor também possui outras fontes de emissão, que variam desde a digestão dos rebanhos de animais ruminantes até a queima dos resíduos agrícolas do cultivo de cana-de-açúcar.

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    A boa notícia é que essas atividades podem ser mais sustentáveis e não gerar tantos danos ao meio ambiente. Continue lendo para conhecer a agropecuária de baixo carbono!

    Principais atividades emissoras da agropecuária

    Em 2021, a principal fonte de emissão do setor de agropecuária foi a fermentação entérica, que registrou a emissão de 477 milhões de toneladas CO2.

    Além disso, os solos manejados, que compõem a maioria das emissões diretas da agricultura, ficaram responsáveis por 29,8% das emissões, com 179 milhões de toneladas de CO2e.

    No gráfico abaixo é possível visualizar o crescimento da emissão de GEE das principais atividades do setor:

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    Dentre os estados do mercado agropecuário que mais emitiram esses gases, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais ficaram nas primeiras posições, enquanto o Distrito Federal em último lugar.

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    Qual a importância de adotar a agropecuária de baixo carbono?

    A agropecuária de baixo carbono refere-se à capacidade de diminuir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) provenientes das atividades utilizando práticas e tecnologias que reduzem a intensidade dessas emissões.

    Esta é uma solução para o crescente aumento da emissão de GEE pelo setor, que possui uma forte presença para a economia do nosso país.

    Inclusive, a adoção dessa estratégia é crucial para a sobrevivência desse mercado, visto que as mudanças climáticas causadas pelos gases de efeito estufa impactarão significativamente nos resultados do agronegócio.

    Além disso, como o setor impacta de diferentes formas o meio ambiente, essas medidas ajudam a mitigar ou ao menos equilibrar as consequências geradas e garantir a preservação do meio ambiente.

    Quais estratégias podem ser adotadas?

    A agropecuária de baixo carbono requer dos produtores investimentos e análises estratégicas para alcançar bons resultados e aliar as técnicas produtivas à preservação e produção sustentável.

    A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e outros institutos estaduais de pesquisa desempenham um papel significativo no desenvolvimento dessas tecnologias, trabalhando ativamente para promover a agricultura de baixo carbono.

    Dentre as medidas que podem ser adotadas, destacam se:

    • Redução da taxa de desmatamento na Amazônia e no Cerrado a partir do aumento da eficiência produtiva nas áreas já exploradas não demandando mais a expansão da exploração de novas áreas;
    • Recuperação de pastagens degradadas por meio de práticas, como a integração lavoura-pecuária (iLP) que conta com a rotação de lavouras e de pastagens;
    • Ação de sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), ou seja, uma evolução do sistema iLP, contemplando também o reflorestamento;
    • Expansão do Sistema Plantio Direto (SPD) que se baseia na prática de preparar o solo apenas na linha ou cova de semeadura ou plantio, mantendo a cobertura vegetal permanente no terreno e diversificando as espécies por meio da rotação e/ou consorciação de culturas, com intervalos mínimos entre colheita e semeadura ou plantio. Nesse contexto, o plantio proporciona uma redução no uso de infraestrutura e força de trabalho humano, consome menos energia fóssil, diminui a erosão, requer menores quantidades de corretivos e fertilizantes, e favorece o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.
    • Adoção da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), um processo natural em que certas bactérias no solo transformam o nitrogênio atmosférico em uma forma utilizável pelas plantas. Essa fixação reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados sintéticos na agricultura, contribuindo para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa associadas à produção de fertilizantes nitrogenados, que é intensiva em energia. Assim, a FBN é uma prática sustentável que auxilia na redução das emissões na agricultura.
    • Aumento da eficiência energética com o uso de bicombustíveis, de fontes alternativas de biomassa, de energia eólica e de pequenas centrais hidrelétricas;
    • Ampliação dos sistemas agroflorestais (SAF), que refere-se à integração de árvores, culturas agrícolas e/ou animais no mesmo espaço. Essa prática promove a diversidade e a sinergia entre os elementos, proporcionando benefícios ambientais, sociais e econômicos. A vantagem para a redução dos gases de efeito estufa reside na capacidade dos SAF em sequestrar carbono atmosférico nas árvores e no solo, contribuindo para mitigar as emissões e aumentar a sustentabilidade na agricultura.
    • Intensificação do processamento e tratamento de dejetos animais com a implantação de biodigestores para tratar, capturar e queimar o gás metano.

    Com essas e outras estratégias será possível adotar uma agropecuária de baixo carbono e contribuir não apenas para a mitigação dos impactos ambientais, como também para tornar o próprio setor mais sustentável e viável a longo prazo.

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    Fonte das imagens: Análise das emissões de e suas implicações para as metas climáticas do Brasil. Observatório do Clima, 2023.