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O G20 no Brasil: Um Fórum Estratégico para a Cooperação Econômica e de Sustentabilidade

    Reunião G20 Brasil

    Por Larissa Silvestri, Especialista Internacional de Sustentabilidade.

    O G20 é o principal fórum internacional para a coordenação de políticas econômicas, reunindo as maiores economias do mundo para discutir temas cruciais como desenvolvimento sustentável, estabilidade financeira global e inclusão socioeconômica. Sob a presidência brasileira em 2024, o fórum consolidou seu papel como um espaço estratégico para a integração entre economia, sustentabilidade e governança global. 

    Sob a presidência brasileira o G20 reforçou diretrizes essenciais para o futuro das empresas no contexto das metas globais de carbono zero. Os debates destacaram o papel das organizações em liderar uma transformação econômica sustentável, alinhada com os pilares de estabilidade econômica, investimentos verdes e cadeias globais de valor. Para se manterem competitivas e relevantes, as empresas precisam adotar práticas que integrem a neutralidade de carbono como princípio estratégico.

    Entenda o G20 

    Desde 1º de dezembro de 2023, o Brasil lidera a presidência rotativa do G20, assumindo o desafio de coordenar agendas de 22 grupos de trabalho, 3 forças-tarefas e 1 iniciativa estratégica. Entre as metas está a aprovação da Declaração do Rio, que consolidará compromissos globais para enfrentar desafios econômicos e sociais, como crescimento sustentável, transições energéticas e a redução da desigualdade global.  

    A estrutura de apoio da Troika, formada pela Índia (presidência anterior), Brasil (presidência atual) e África do Sul (próxima presidência), garante a continuidade das agendas, promovendo articulações eficazes entre os países membros.  

    O G20 opera por meio de duas trilhas principais, que abordam diferentes aspectos da economia global:  

    1. Trilha dos Sherpas: Liderada pelos representantes dos chefes de estado, essa trilha supervisiona as negociações políticas e estratégicas. É composta por 15 grupos de trabalho que discutem temas variados, como desenvolvimento sustentável, transições energéticas, empoderamento das mulheres, saúde, educação e agricultura.  

    2. Trilha das Finanças: Liderada pelos ministros das finanças e presidentes de bancos centrais, essa trilha foca em questões macroeconômicas. Seus 7 grupos técnicos discutem áreas como arquitetura financeira internacional, inclusão financeira, infraestrutura e finanças sustentáveis.  

    Ambas as trilhas atuam de forma complementar, garantindo que políticas econômicas sejam desenvolvidas com base em princípios de sustentabilidade e equidade.  

    Sob a presidência brasileira, três forças-tarefas foram criadas para tratar de questões prioritárias:  

    – Mobilização Global contra Mudanças Climáticas: Abordou estratégias integradas para restaurar a confiança internacional em soluções climáticas e fortalecer a resiliência de países em desenvolvimento.  

    – Aliança Global contra a Fome: Focou na erradicação da pobreza e fome, promovendo tecnologias sociais eficazes e políticas públicas colaborativas.  

    – Finanças e Saúde: Criada durante a pandemia de COVID-19, essa força-tarefa continua fortalecendo a preparação global para crises sanitárias.  

    Além disso, a Iniciativa de Bioeconomia destacou a importância de sistemas econômicos baseados no uso sustentável de recursos renováveis, promovendo sinergias entre economia e conservação ambiental.  

    Sob a liderança do Brasil, o G20 inovou ao criar o G20 Social, que deu voz a movimentos sociais, organizações da sociedade civil e empresas. Os Grupos de Engajamento, tradicionalmente paralelos às reuniões oficiais, entregaram suas recomendações diretamente aos líderes das Trilhas dos Sherpas e Finanças, ampliando o impacto das vozes não governamentais nas decisões do fórum.  Essa iniciativa promoveu maior inclusão e transparência, incentivando a participação de diversos atores sociais nos debates sobre políticas globais.  

    Resultados: Necessidade das Empresas de Alinhamento com o Carbono Zero

    Discussões sobre infraestrutura sustentável, transições energéticas e financiamento climático são especialmente relevantes para mercados emergentes, que dependem de fluxos de capital estáveis para sustentar o crescimento econômico enquanto enfrentam desafios como mudanças climáticas e desigualdades sociais.  O papel do G20 vai além da regulação econômica, sendo uma plataforma para fortalecer mercados como o financeiro, agrícola, energético e tecnológico, com o objetivo de alinhar crescimento econômico a soluções sustentáveis.  

    A reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), discutida no G20, enfatizou a necessidade de harmonizar padrões globais para o comércio sustentável, incluindo os relacionados a emissões de carbono. As empresas que não alinharem suas operações às diretrizes de carbono zero poderão enfrentar restrições em mercados globais, seja em barreiras tarifárias para bens intensivos em emissões ou em acesso limitado a mercados financeiros que priorizam iniciativas sustentáveis.

    O G20 destacou a importância de ampliar o fluxo de capital para infraestrutura verde e tecnologias de baixo carbono, enviando um forte sinal às empresas para se adaptarem às exigências de investidores que priorizam ESG (ambiental, social e governança). Projetos de carbono zero, como aqueles focados em energias renováveis e eficiência energética, são cada vez mais vistos como essenciais para a captação de investimentos. A exclusão de práticas alinhadas a carbono zero pode resultar em desvantagem competitiva e desinteresse por parte de investidores globais.

    O Fórum do G20 também propôs práticas comerciais justas e inclusivas, com ênfase na neutralidade de carbono em cadeias de valor. Empresas com emissões descontroladas podem enfrentar não apenas pressão regulatória, mas também riscos reputacionais em mercados cada vez mais exigentes. Cadeias globais que priorizam emissões líquidas zero estão emergindo como padrão em setores como transporte, agronegócio e manufatura, destacando a necessidade de inovação tecnológica e eficiência para manter a competitividade.

    Empresas que priorizam a neutralidade de carbono têm vantagens claras em se alinhar às metas globais: maior acesso a financiamento sustentável, maior aceitação em mercados internacionais e oportunidades de inovação. As decisões do G20 reforçam que a transição para o carbono zero não é apenas uma questão de sustentabilidade, mas uma estratégia essencial para mitigar riscos e explorar novas oportunidades econômicas em um cenário global em transformação.

    O G20 no Brasil deixou claro que a transição para carbono zero não é mais opcional para as empresas que desejam prosperar em mercados cada vez mais orientados pela sustentabilidade. Este alinhamento estratégico é necessário não apenas para atender a expectativas regulatórias e de investidores, mas também para contribuir de forma concreta no combate às mudanças climáticas e na construção de um futuro mais resiliente e equitativo.